Há quem diga que quem quiser um emprego no futuro vai precisar saber programar. Talvez a realidade não se concretize como essa previsão high tech, mas é fato que entre as principais tendências da tecnologia na educação, o ensino da linguagem dos códigos aos poucos ganha forças no país. Por estimular o pensamento lógico, a criatividade e a capacidade de resolução de problemas, o estudo da programação vem sendo incentivado por escolas, campanhas e empresas. Em um mercado cada vez mais dependente da internet, e com escassez de profissionais qualificados no ramo, surgem com frequência iniciativas que favorecem o ensino dos códigos de programação.
Em dezembro de 2013, um discurso do presidente norte-americano Barack Obama chamava a atenção para a importância do ensino da programação de computadores. O presidente pediu aos jovens que não se contentassem em apenas jogar um novo videogame ou baixar o aplicativo mais recente, mas que aprendessem a criar jogos e aplicativos. Assim, Obama convocou os jovens à campanha Hour of Code, lançada na Semana do Ensino da Ciência da Programação, nos Estados Unidos.
Apoiada por gigantes como Google, Apple, Microsoft e Amazon, a campanha incentiva os estudantes a dominarem a linguagem dos códigos. Através de tutoriais de apenas uma hora, a iniciativa, liderada pela organização Code.org, pretende atingir 10 milhões de alunos norte-americanos de todas as idades. O intuito é inserir a programação no currículo de 90% das escolas dos Estados Unidos.
Na onda norte-americana, empresas brasileiras começam a apostar no segmento, ainda pouco explorado no Brasil. Em abril deste ano, foi lançada a campanha Ano do Código – Vem programar!, inspirada na iniciativa dos Estados Unidos. Parceria entre a Locaweb e a Caelum, o projeto tem aulas e exercícios online e gratuitos. Segundo comunicado divulgado pelas empresas, apesar de ter mais de 200 mil vagas em aberto no Brasil, o país “sofre uma brusca queda de talentos e profissionais bem qualificados”.
A primeira escola de programação e robótica
Com poucos colégios particulares oferecendo aulas de programação, Marco Giroto, formado em sistemas de informação, e outros quatro sócios abriram em abril a escola SuperGeeks – considerada a primeira de programação e robótica do país. Em visita ao Vale do Silício, centro da tecnologia mundial, os fundadores se inspiraram na campanha do Code.org. Segundo Giroto, um em cada nove colégios norte-americanos tem a programação no currículo escolar. Assim, a SuperGeeks pretende tornar o ensino da programação mais acessível no Brasil. “O Brasil é atrasado em tudo. A maioria dos brasileiros não sabe o que é programação, confundem com informática”, diz.
De acordo com o empresário, a escola aposta em um modelo de ensino inédito: crianças a partir de oito anos aprendem a programar através de games criados por elas mesmas. Com duração de até cinco anos, os cursos ensinam programação, robótica e empreendedorismo. As aulas são ministradas em português e em inglês e, segundo Giroto, “a intenção não é ensinar o idioma, mas treiná-lo, pois o inglês é a linguagem da programação”.
Ao afirmar a importância do ensino dos códigos, o empreendedor compara-o ao ensino do inglês. “Por enquanto, programar é um diferencial, mas em breve será uma habilidade necessária para a maioria dos profissionais, assim como hoje é com o inglês”, explica. A ideia de inserir os games no ensino surgiu para assegurar que a metodologia possibilitasse aulas divertidas aos alunos. “Queremos que os jovens venham para as aulas porque estão gostando, e não por obrigação ou pressão dos pais”, comenta Giroto.
Aprender brincando
Interessado em jogos online, Danilo Popluhar, 10, começou a fazer aulas de programação na SuperGeeks. Foto: Arquivo Pessoal
Longe de querer pressionar o filho, Rosália Popluhar matriculou Danilo, de 10 anos, na SuperGeeks após perceber um grande interesse em gravar e publicar vídeos na internet sobre jogos. “Achei a proposta interessante porque faz com que ele saia da passividade e use o tempo para aprender brincando”, diz Rosália. Danilo está no primeiro módulo do curso de programação da escola. Segundo a mãe, o menino está gostando de aprender a programar: “Depois da primeira aula, ele refez o programa quando chegou em casa e parece bem ansioso para aprender mais”.
Alternativa às aulas presenciais, o ensino da programação também está se popularizando em plataformas online. O site Codecademy oferece gratuitamente (e em português) aulas de codificação em Javascript, HTML, CSS, e PHP. Desenvolvido pelo laboratório de mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e voltado a crianças e adolescentes, o Scratch também está disponível em português e ensina a lógica da programação através de bloquinhos com diversos comandos que se encaixam para a formação do código.
Fonte: Guias de Educação