Liderança, poder, amor, ódio, traição, questões de identidade e igualdade. As temáticas sempre universais da obra de William Shakespeare (1564-1616) seguem universais e de uma atualidade surpreendente. Para marcar os 400 anos da morte do dramaturgo inglês e seu legado, o British Council, em parceria com a NOVA ESCOLA, reuniu cerca de 70 educadores de várias áreas e interessados na oficina pedagógica “Shakespeare vive nas escolas”, em sua sede, em São Paulo.
Ronaldo Marin, diretor do Instituto Shakespeare Brasil e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), contou sobre a vida e a obra do inglês e da influência dele sobre escritores brasileiros, como Machado de Assis e Manuel Bandeira, e internacionais, a exemplo de Victor Hugo e Harold Bloom, e até sobre figuras famosas como o pai da psicanálise, Sigmund Freud, e o ator Al Pacino. A grande pergunta de Ronaldo foi: “Se Shakespeare é tão importante para o imaginário universal, por que ele não é ensinado nas escolas?” E fez uma interessante comparação com a Coca-Cola. Todos conhecem a bebida, mas quase ninguém sabe do que ela é feita.
Esse desconhecimento da obra do autor e a sensação que a academia criou de que os textos dele são sofisticados e de difícil entendimento são obstáculos a superar. “Nos Estados Unidos, em um bairro de alta periculosidade, um professor trabalhou a peça Hamlet com os jovens. Justamente no início da tomada de consciência do próprio ser, na fase em que o aluno vai entender quem ele é. O resultado foi que uma boa parcela que antes não se interessava resolveu perseguir o sonho de entrar na faculdade”, relatou Ronaldo.
A palestra foi entrecortada por esquetes de teatro, com trechos de peças famosas dramatizados por atores da companhia Cena IV. O professor apresentou materiais didáticos preparados pela Royal Shakespeare Company, que mantém viva a obra do autor britânico, traduzidos pelo British Council e organizados por temáticas na plataforma www.shakespearehoje.com.br. Pensadas para trabalhar com turmas do Fundamental II até o Ensino Médio, as sugestões incluem trechos de obras, sugestões de filmes, questões instigadoras de discussões e atividades complementares. Além dos materiais, o site estimula o professor a participar de um concurso cultural que instiga os alunos a responder a pergunta “Por que Shakespeare continua atual?” em um vídeo de até 4 minutos.
A professora de Inglês Claudia Aparecida de Oliveira, da EE Pedro Fonseca, em São Paulo, sentiu-se estimulada a inscrever suas turmas do 6º ao 9º ano e de Ensino Médio. “Achei o tema da oficina intrigante. Sei que o professor de inglês dificilmente o trabalha. Vale utilizar mais o recurso do teatro com os jovens e trabalhar com vídeo estimula a criatividade deles”, observou ela, que tem quase 600 alunos. Especialista em Artes Plásticas, Samir Zavitoski, que dá aulas no curso de Pedagogia da Faculdade Progresso, em Guarulhos, ficou surpreso com o conteúdo da oficina. “Não sabia que Shakespeare falava de temas tão atuais. Tirou a ideia de que ele é um mito, um autor britânico e distante. Deu para perceber que sua obra é acessível e merece ser trabalhada”, comentou.
FONTE: http://novaescola.org.br/conteudo/452/oficina-shakespeare-na-escola